Artigo opinião – Dra. Inês Martins
Ser Farmacêutico nos dias que correm parece ser cada vez mais uma tarefa hercúlea.
Há que conseguir conciliar a emoção com a razão, os horários com a vida e principalmente, todos os dias, todo o dia, a busca de um equilíbrio no atendimento.
Não há como fugir da realidade.
Hoje ser Farmacêutico Comunitário é ter em si uma variedade de papéis, cada vez mais exigentes e a uma velocidade gigantesca.
Já não nos limitamos a esperar que nos procurem, já não nos limitamos a preparar o medicamento que é necessário, já não somos apenas quem está do lado de lá para nos dispensar e ajudar a perceber aquela receita complicada que o médico passou.
Já não fechamos as farmácias à hora de almoço ou trabalhamos apenas sábados de manhã. Tão pouco fazemos uma noite de serviço quando é a nossa vez na escala.
Hoje somos presentes a toda a hora, em horários alargados e escalas constantes.
Multiplicamo-nos para ser: farmacêuticos, gestores, marketeers, merchandisers, especialistas, psicólogos, socorristas, enfermeiros, vendedores e outras tantas funções.
Vamos perdendo a essência daquilo que é ser Farmacêutico e vamos sendo cada vez mais comerciais…
Ou não?!
Não…
Não é isto, não é de todo sobre isto.
Somos e seremos, sim Farmacêuticos, e sim muito bons profissionais de saúde.
Há farmácias e farmácias. Há Farmacêuticos e Farmacêuticos.
Há que sentir de novo aquilo que nos fez ingressar neste caminho de vida, aquele lugar onde queríamos chegar no primeiro dia da faculdade.
Onde era? Que missão tinhas?
Eu…
Acredito naquela visão de farmácia onde não somos apenas um local de saúde, mas sim um local de bem-estar. Um local onde se promove a prevenção, se cultiva esse bem-estar em todos os sentidos. Como seres multifacetados que somos.
Para que esse local seja sentido assim, não chega ser esteticamente agradável e bem arrumado. É necessário que que lá está todos os dias, quem é a cara, alma e coração daquele espaço o sinta como bem-estar.
Que o sinta como o espaço certo para chegar aquele lugar que sonhamos no primeiro dia do curso de Ciências Farmacêuticas.
Há que para isso encontrar um equilíbrio dentro do nosso papel, não há farmácia sem utentes, mas também não a há sem farmacêuticos. São locais feitos de pessoas e acima de tudo, pessoas com uma missão: ajudar quem nos procura.
E como nós podemos ajudar quem nos procura quando nem sempre nos sentimos completamente confortáveis com o nosso papel?
É simples na verdade, não é fácil, mas simples.
Antes de cada dia, de cada atendimento pensar, onde eu posso ajudar verdadeiramente esta pessoa e onde posso conciliar isto com o que precisa ser feito para a farmácia continuar a existir.
E antes que se possa desistir, antes que a vontade de deixar para trás este equilíbrio difícil de alcançar. Existem muitas ferramentas, muitas formas de o alcançar. Basta encontrares a tua forma e nunca rejeitar aprender com os demais. Procura estas ferramentas, e lembra-te:
TU PODES FAZER A DIFERENÇA.
Várias vezes por dia, sempre que atendes alguém.
A verdadeira essência de ser Farmacêutico, apesar da pressão que todos sentimos, é acima de tudo encontrar soluções para as necessidades de quem vem ter connosco. Porque somos e seremos sempre todos: Pessoas.
Boa Prática.