Em veterinária, contamos com uma variedade de espécies, sendo que cada uma tem as suas particularidades.
Além das particularidades de cada espécie, é importante contar com outros fatores como idade, sexo, status reprodutivo e até mesmo raça, para que o aconselhamento seja o mais correto e não provoque dano.
Ao estabelecer o primeiro contacto com um utente que procure auxilio para o seu animal, devemos ter sempre em mente que o paciente veterinário não fala, e a sua linguagem corporal é diferente da nossa. Reconhecer comportamentos sugestivos de dor, desconforto, náusea, entre outros, é de extrema importância para poder abordar a situação.
Outro fator a ter em consideração é que: animais não são crianças. Esta analogia é frequentemente feita, erradamente, por vários tutores, principalmente quando automedicam cães e gatos.
O pensamento: “Se se dá às crianças, é porque é seguro!”, não podia estar mais errado. A capacidade dos nossos animais de companhia metabolizarem fármacos é em muito diferente da nossa. Como exemplo temos o típico Paracetamol, potencialmente fatal para os nossos cães e gatos, enquanto vulgarmente usado em Medicina Humana para gestão de casos de dor ou mesmo febre em crianças. Outro exemplo extremo prende-se com a Cetirizina, cuja dose é significativamente mais elevada nos nossos animais. Existem cães que necessitam de tomas 2, 3 ou 4 comprimidos de uma única vez, dependendo do seu peso.
Por este motivo, recolher informações e questionar os tutores, pode fazer a diferença no aconselhamento prestado.
Abordagem ao vómito e diarreia
Gastroenterites simples são das queixas mais frequentes em pacientes veterinários que ocorrem com frequência, após a época festiva.
A queixa mais frequente em cães e gatos é a diarreia, que poderá ou não ser acompanhada de vómito.
Na maioria dos casos, essa sintomatologia deve-se a uma indiscrição alimentar. É frequente nestas alturas haverem pequenos “assaltos” ao lixo, mesas de festa, ou até mesmo casos em que alguém deu algo ao animal (frequentemente visitas ou crianças).
Habituados a comer uma dieta específica, ao serem expostos a alimentos condimentados, e por vezes com componentes tóxicos para a sua saúde (alho, cebola, chocolate,…), os quadros de diarreia e vómito são simples de acontecer. Na maioria das situações, a gestão da sintomatologia com maneio dietético, probióticos e/ou desparasitantes é suficiente para estabilizar o paciente. Contudo, alguns cuidados devem ser tidos em conta ao recomendar alterações dietéticas, ainda que temporárias. É importante perceber se o animal já está a fazer alguma dieta veterinária, se sim, qual, e como podemos gerir a situação.
Mais, ao recomendar uma dieta gastrointestinal é importante que, antes de esta terminar, seja feito um desmame gradual. Caso este pequeno procedimento não seja respeitado, existe uma grande probabilidade de retrocesso terapêutico.
Para gerir o vómito poderá ser aconselhado algum tempo de jejum e dieta branda, ou seja, optar por dietas húmidas nos primeiros dias, ao invés de secos, e com pequenas quantidades de cada vez.
No que toca ao vómito, é ainda importante perceber a sua frequência. Um animal com vómito incoercível deve ser encaminhado para o veterinário com brevidade, pois dificilmente será estabilizado com jejum e maneio dietético, sendo que a origem deste sintoma pode ser mais complexa do que apenas uma gastroenterite.
Já conhece o nosso Curso de Especialização em Medicamentos de Uso Veterinário aplicado à farmácia? Não, quero saber mais!